Texto para responder à questão.
Em “A família, a escola, os outros, todos elegem [...]” (1º§) pode-se observar que, após a enumeração, ocorre:
Um processo direcional na vida
Quer falemos de uma flor ou de um carvalho, de uma minhoca ou de um belo pássaro, de uma maçã ou de uma
pessoa, creio que estaremos certos ao reconhecermos que a vida é um processo ativo, e não passivo. Pouco importa
que o estímulo venha de dentro ou de fora, pouco importa que o ambiente seja favorável ou desfavorável. Em qualquer
uma dessas condições, os comportamentos de um organismo estarão voltados para a sua manutenção, seu crescimento
e sua reprodução. Essa é a própria natureza do processo a que chamamos vida. Esta tendência está em ação em todas
as ocasiões. Na verdade, somente a presença ou ausência desse processo direcional total permite-nos dizer se um dado
organismo está vivo ou morto.
A tendência realizadora pode, evidentemente, ser frustrada ou desvirtuada, mas não pode ser destruída sem que
se destrua também o organismo. Lembro-me de um episódio da minha meninice, que ilustra essa tendência. A caixa em
que armazenávamos nosso suprimento de batatas para o inverno era guardada no porão, vários pés abaixo de uma
pequena janela. As condições eram desfavoráveis, mas as batatas começavam a germinar – eram brotos pálidos e
brancos, tão diferentes dos rebentos verdes e sadios que as batatas produziam quando plantadas na terra, durante a
primavera. Mas esses brotos tristes e esguios cresceram dois ou três pés em busca da luz distante da janela. Em seu
crescimento bizarro e vão, esses brotos eram uma expressão desesperada da tendência direcional de que estou falando.
Nunca seriam plantas, nunca amadureceriam, nunca realizariam seu verdadeiro potencial. Mas sob as mais adversas
circunstâncias, estavam tentando ser uma planta.
A vida não entregaria os pontos, mesmo que não pudesse florescer. Ao lidar com clientes cujas vidas foram
terrivelmente desvirtuadas, ao trabalhar com homens e mulheres nas salas de fundo dos hospitais do Estado, sempre
penso nesses brotos de batatas. As condições em que se desenvolveram essas pessoas têm sido tão desfavoráveis que
suas vidas quase sempre parecem anormais, distorcidas, pouco humanas. E, no entanto, pode-se confiar que a
tendência realizadora está presente nessas pessoas. A chave para entender seu comportamento é a luta em que se
empenham para crescer e ser, utilizando-se dos recursos que acreditam ser os disponíveis. Para as pessoas saudáveis, os
resultados podem parecer bizarros e inúteis, mas são uma tentativa desesperada da vida para existir. Esta tendência
construtiva e poderosa é o alicerce da abordagem centrada na pessoa.
(Carl Rogers. Um jeito de ser. São Paulo: E.P.U., 1983.)
Texto para responder à questão.
No terceiro parágrafo do texto, a coesão textual interparágrafos ocorre por meio do emprego da locução prepositiva
“Apesar de” para introdução das ideias e fatos ali apresentados. Acerca da produção de sentido estabelecida pode-se
afirmar que, EXCETO:
O artigo é uma das classes de palavras variáveis que concorda, em gênero e em número, com o substantivo que o acompanha. Todas as palavras destacadas são artigos em:
Texto para responder à questão.
Dentre as diversas estratégias que asseguram a elaboração de um texto coeso e coerente estão alguns mecanismos linguísticos, tais como o emprego de vocábulos como os destacados no trecho “Cada língua representa uma cultura e, (I) por conseguinte, uma visão de mundo. (II) Por isso, não há palavras para Natal, democracia ou microprocessador digital em ianomami. (III) Talvez hoje, após anos de contato com os brancos, já haja). (IV) Mas, será que a cultura determina a língua ou é a língua que determina a cultura? (V) Segundo a tese de Sapir-Whorf [...] há uma coextensão entre língua e cultura, de tal modo que ambas se condicionam mutuamente. Não dá para saber ao certo quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha". (1º§) Analise as afirmativas a seguir considerando o emprego dos vocábulos e as expressões destacadas (Observe a identificação feita por meio de algarismos romanos).
I. Atribui ao enunciado um maior grau de formalismo expressando uma ideia de conclusão, sendo uma continuação lógica de um raciocínio já iniciado.
II. Indica que a intenção discursiva do enunciador é aproximar o seu interlocutor das ideias e fatos apresentados utilizando, para isso, um adjunto conjuntivo de uso estritamente coloquial; afastando-se, assim, da norma padrão com objetivo específico.
III. Quanto ao sentido produzido no discurso, a expressão circunstancial de dúvida introduz uma possibilidade de alteração da informação apresentada anteriormente.
IV. Introduz um questionamento que se sobrepõe à expressão anterior, alcançando importância e lugar de destaque na atenção do leitor.
V. No texto, a ideia de conformidade expressa e introduz um recurso que confere ao enunciado a passagem de uma ideia a outra sem que estejam relacionadas.
Estão corretas apenas as afirmativas
Sob o feitiço dos livros
Nietzsche estava certo: “De manhã cedo, quando o dia nasce, quando tudo está nascendo — ler um livro é simplesmente algo depravado”. É o que sinto ao andar pelas manhãs pelos maravilhosos caminhos da fazenda Santa Elisa, do Instituto Agronômico de Campinas. Procuro esquecer-me de tudo que li nos livros. É preciso que a cabeça esteja vazia de pensamentos para que os olhos possam ver. Aprendi isso lendo Alberto Caeiro, especialista inigualável na difícil arte de ver. Dizia ele que “pensar é estar doente dos olhos”.
Mas meus esforços são frustrados. As coisas que vejo são como o beijo do príncipe: elas vão acordando os poemas que aprendi de cor e que agora estão adormecidos na minha memória. Assim, ao não pensar da visão, une-se o não-pensar da poesia. E penso que o meu mundo seria muito pobre se em mim não estivessem os livros que li e amei. Pois, se não sabem, somente as coisas amadas são guardadas na memória poética, lugar da beleza.
“Aquilo que a memória amou fica eterno”, tal como o disse a Adélia Prado, amiga querida. Os livros que amo não me deixam. Caminham comigo. Há os livros que moram na cabeça e vão se desgastando com o tempo. Esses, eu deixo em casa. Mas há os livros que moram no corpo. Esses são eternamente jovens. Como no amor, uma vez não chega. De novo, de novo, de novo...
Um amigo me telefonou. Tinha uma casa em Cabo Frio. Convidou-me. Gostei. Mas meu sorriso entortou quando disse: “Vão também cinco adolescentes...”. Adolescentes podem ser uma alegria. Mas podem ser também uma perturbação para o espírito. Assim, resolvi tomar minhas providências. Comprei uma arma de amansar adolescentes. Um livro. Uma versão condensada da “Odisseia”, de Homero, as fantásticas viagens de Ulisses de volta à casa, por mares traiçoeiros...
Primeiro dia: praia; almoço; sono. Lá pelas cinco, os dorminhocos acordaram, sem ter o que fazer. E antes que tivessem ideias próprias eu tomei a iniciativa. Com voz autoritária, dirigi-me a eles, ainda sob o efeito do torpor: “Ei, vocês... Venham cá na sala. Quero lhes mostrar uma coisa”.
Não consultei as bases. Teria sido terrível. Uma decisão
democrática das bases optaria por ligar a televisão. Claro.
Como poderiam decidir por uma coisa que ignoravam? Peguei
o livro e comecei a leitura. Ao espanto inicial seguiu-se silêncio e atenção. Vi, pelos seus olhos, que já estavam sob o domínio do encantamento. Daí para frente foi uma coisa só. Não me deixavam. Por onde quer que eu fosse, lá vinham eles com a “Odisseia” na mão, pedindo que eu lesse mais. Nem na praia me deram descanso.
Essa experiência me fez pensar que deve haver algo errado na afirmação que sempre se repete de que os adolescentes não gostam da leitura. Sei que, como regra, não gostam de ler. O que não é a mesma coisa que não gostar da leitura. Lembro-me da escola primária que frequentei. Havia uma aula
de leitura. Era a aula que mais amávamos. A professora lia para que nós ouvíssemos. Leu todo o Monteiro Lobato. E leu aqueles livros que se liam naqueles tempos: “Heidi”, “Poliana”, “A Ilha do Tesouro”.
Quando a aula terminava, era a tristeza. Mas o bom mesmo é que não havia provas ou avaliações. Era prazer puro. E estava certo. Porque esse é o objetivo da literatura: prazer. O que os exames vestibulares tentam fazer é transformar a literatura em informações que podem ser armazenadas na cabeça. Mas o lugar da literatura não é a cabeça: é o coração. A literatura é feita com as palavras que desejam morar no corpo. Somente assim ela provoca as transformações alquímicas que deseja realizar. Se não concordam, que leiam João Guimarães Rosa, que dizia que literatura é feitiçaria que se faz com o sangue do coração humano.
(ALVES, Rubem. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u727.shtml.)
De acordo com as relações sintáticas que os termos exercem nas orações, pode-se afirmar que o termo destacado “o” em “‘Aquilo que a memória amou fica eterno’, tal como o disse a Adélia Prado, amiga querida.” atua como: